1974 – 2024: 50 Anos desde a produção do primeiro Lamborghini Countach

Por ocasião deste aniversário, a Lamborghini trouxe o primeiro Countach LP 400 de volta à linha de produção em que foi criado, e onde hoje é produzido o Lamborghini Revuelto, para a realização de uma sessão fotográfica que reúne o presente e o passado. Para mais, a Lamborghini tornou públicas algumas imagens exclusivas da linha do Countach, provenientes dos seus arquivos.

A evoluçãodo Countach

O Lamborghini Countach LP 500 foi apresentado no Salão Automóvel de Genebra, a 11 de março de 1971, enquanto concept car, e o seu êxito imediato tornou fácil a tomada de decisão de torná-lo num modelo de produção. Foram necessários vários protótipos, três anos de desenvolvimento técnico, e intensos testes em estrada, para ter pronto o modelo de produção, o Countach LP 400. 

Enquanto o automóvel estava a ser desenvolvido, trabalhava-se em Sant’Agata Bolognese para criar a linha de produção em que seria fabricado o Countach. 

Este era outra vertente em que o Countach era revolucionário: pela primeira vez na história da marca, a carroçaria seria produzida internamente. Até então, os modelos Lamborghini haviam sido fabricados em dois locais diferentes, com os componentes mecânicos a serem produzidos pela Lamborghini e as carroçarias por carroçadores externos, depois enviadas para Sant’Agata Bolognese para se juntarem aos chassis e aos elementos mecânicos. A decisão de trazer a produção da carroçaria para a fábrica da Lamborghini teve um impacto imediato e significativo no crescimento da empresa.

A linha de montagem do primeiro Countach

A fábrica original da Lamborghini contava com uma área coberta de 12 000 m2. A sua construção teve início em 1963, e terminou em 1966, na mesma altura em que a caixa de velocidades e o diferencial começaram a ser produzidos internamente. 

A fábrica incluía a área de produção, escritórios, salas de testes, e oficina de assistência. Incluía duas linhas de fabrico: uma para os motores e componentes mecânicos, outra para a montagem dos automóveis. A 18 de outubro de 1968, a Lamborghini anunciou a conclusão da construção de três novos edifícios industriais, acrescentando 3500 m2 de área coberta. Hoje, a fábrica é substancialmente diferente, cobrindo uma área total de 346 000 m2, mas o local onde o Countach era montado, conhecida como “No.1 Countach Assembly Line”, continua a ser a mesma, e é onde, agora, é produzido o Revuelto, o novo Lamborghini híbrido plug-in com motor de 12 cilindros. 

Durante os anos do Countach, a linha de montagem era simples, e a escala pequena, com todas as operações a serem levadas a cabo manualmente. Os painéis de carroçaria eram batidos, e depois verificados num modelo de madeira, antes de serem soldados, e ajustados no molde da carroçaria. Este processamento final era essencial, dado que cada peça, tendo sido produzida e montada à mão, aparentava ser idêntica às demais, mas, na realidade, cada qual era ligeiramente diferente. A carroçaria completa, ainda em alumínio em bruto, era, então, combinada com o chassis. Esta unidade, colocada no trólei industrial que circulava sobre carris, viajava entre as várias estações de montagem, onde eram incorporados os diferentes componentes mecânicos. O Countach também foi o primeiro modelo a envolver o Lamborghini Upholstery Department, o qual, no início, apenas se ocupava da instalação e montagem os interiores em parceria com fornecedores externos. Acabou por tornar-se totalmente autónomo, inclusive em termos de revestimentos em pele e costuras, tornando-se numa parte essencial da personalização que ainda hoje é oferecida pela Lamborghini aos seus clientes, através do programa Ad Personam. 

Atualmente, a linha de produção mudou, tal como a maquinaria e os materiais utilizados, e é muito mais organizada, eficiente e ergonómica. Enquanto que, nos anos de 1970, era utilizado o alumínio, agora existe a fibra de carbono, que também é produzida nas instalações de Sant’Agata Bolognese. O que não mudou foi a paixão e o cuidado com que os operários fabricam os novos automóveis.

Continuidade entre Countach e Revuelto

Meio século siglo separa Countach e Revuelto, e, durante este tempo, os volumes também mudaram: nos 16 anos de produção do Countach, foram fabricadas 1999 unidades; os 11 anos de produção Diablo tiveram como resultado 2903 unidades; os nove anos do Murciélago geraram 4000 automóveis; os 11 anos do Aventador, mas de 11 000 exemplares produzidos. Apesar destas diferenças, unidos pelo local de produção, existem muitas características comuns entre Countach e Revuelto. 

Em primeiro lugar, a configuração técnica geral é a mesma, com um motor de 12 cilindros montado em posição longitudinal traseira. Contudo, no Revuelto existe, também, o pack de baterias, o que levou a que a caixa de velocidades fosse deslocada para a traseira do motor V12. 

A configuração é a mesma, tal como as portas de abertura vertical do tipo “tesoura”, vistas pela primeira vez no Countach, antes de se tornarem num atributo distintivo dos Lamborghini V12.  E o que é mais, nas características estilísticas, que mostraram uma extraordinária continuidade do Countach ao Diablo, e, depois, do Murciélago ao Aventador, a subtil linha visual que percorre a carroçaria, e tem início no para-choques dianteiro, passa pelo tejadilho, e termina no spoiler traseiro, e é conhecida como a “linha Countach”.

Todos os modelos Countach

A primeira versão do Countach, com 152 unidades produzidas, foi a LP 400 (1974-1978), com para-choques sem extensões, e tejadilho com um recesso central destinado ao espelho retrovisor, o que lhe valeu a alcunha de “Periscopio”. 

O LP 400 S (1978-1982), com 235 unidades fabricadas, derivava diretamente do LP 400 especial, que o entusiasta canadiano Walter Wolf encomendou à Lamborghini. O LP 400 S era caracterizado pela adoção de pneus Pirelli de baixo perfil, extensões dos guarda-lamas, jantes tipo “disco de telefone", e o apêndice aerodinâmico situado sob a secção dianteira. Esta configuração, embora melhorada, e mais bem integrada em versões posteriores, tornou-se na característica distintiva do Countach durante a década seguinte. 

O 5000 S (1982-1984), de que foram produzidas 323 unidades, e com poucas alterações em termos estéticos, contava com um V12 com cilindrada aumentada: 4,8 litros. 

O Countach Quattrovalvole que se lhe seguiu (1985-1988), com 631 unidades, era visualmente caracterizado pela “bossa” no capot, necessária para albergar o motor de 5,2 litros, equipado com um sistema de distribuição de quatro válvulas por cilindro. 

O Countach 25th Anniversary (1988-1990), com 658 unidades produzidas, foi criado para comemorar os 25 anos da fundação da empresa, e envolveu uma revisão total dos apêndices aerodinâmicos do Countach. Também foram alteradas as tomadas de ar no para-choques traseiro, e alguns painéis, como os dos capots, que, pela primeira vez, foram fabricados em fibra de carbono. É de salientar que o sucesso comercial do Countach foi sempre em crescendo, e que foram as duas últimas versões produzidas as que registaram maior número de unidades vendidas, beneficiando da homologação obtida para venda do Countach no mercado americano.

Durante os anos em que esteve no mercado, o Countach foi o modelo que, além de ter sido colocado enquanto poster nas paredes de toda uma geração, e de ser utilizado em dezenas de filmes, permitiu à Lamborghini ser competitiva desde meados da década de 1970 até 1990, tornando-se, definitivamente, numa lenda.